COLUNAS
Rolam as pedras
POSTADO EM 17 SET 2012 por: André Luiz AlvezTenho um sonho recorrente no qual vejo uma enorme roda de madeira apoiada numa árvore frondosa de magníficas folhas verdes. Quanto mais me aproximo, a imagem da árvore vai se modificando até o verde frondoso dar lugar ao cinza e o tronco se tornar ressecado pelo tempo. É um filme colorido que se transforma em preto e branco, sem bandidos ou mocinhos, apenas a imagem parada que me chama para junto dela num íntimo murmúrio: Rolam as pedras buscando seus iguais.
Sinto saudades de meus amigos, daqueles que nunca mais revi. A infância da gente passa depressa e não nos damos conta, ansiosos para que a juventude chegue logo trazendo liberdade e aventuras. Tolos e afobados, nos atiramos numa busca louca, não se sabe ao certo atrás do quê, por uma estrada que parecia longa e que não ia dar em lugar algum.
As pedras rolaram, o tempo passou.
Restaram cenas na memória, imagens de alguns lugares inesquecíveis: O cine Alhambra, tão escuro, mas ainda assim encantador. Enquanto Tarzan voava com Jane no colo, eu tentava desajeitado pegar nas mãos da filha da vizinha, sentada tímida ao meu lado. Ela já morreu, mas bem antes, as pedras levaram embora nossas esperanças. Eu não tinha quinze anos quando me vi seduzido pela primeira vez por uma garota linda dos cabelos castanhos e olhos brilhosos do Colégio Oswaldo Cruz. Não faço idéia onde ela foi se meter. Nossos caminhos se separaram levados pelas pedras. E a cada frustração, arremessava outras pedras que rolavam soltas ao ermo. Fiz isso por muito tempo, até encontrar a companheira que caminha ao meu lado por mais de vinte anos. Mas o que mais deixaram marcas foram os amigos de juventude, algumas ferem no dissabor da traição, outras ficam para sempre e são elas que abastecem o que ficou no passado. O bar do Nagibão, onde o Simona, Paulo Gê e o Salsicha tocavam, eles e tantos outros ótimos músicos, voz e violão, e eu e a rapaziada bebendo a vida em goles cada vez maiores, sem nos dar conta que aos poucos a vida planejava nos separar. A imagem de muitos desses amigos refletem em minha mente neste exato instante e traz junto a pergunta inquietante: Que fim será que levaram?
O novo sempre vem, amigos a gente vai encontrando, mas fica o receio que, como os antigos que desapareceram, os atuais também se percam no caminho, levados por uma onda de pedras que não param de se movimentar. Num breve cochilo, lá está a árvore novamente. Grãos de areia se juntam, formam pedras que depois escapam em desalinho, procurando se encontrar. E o sonho cada vez mais me assusta, tenho a impressão que enquanto rolam as pedras, a árvore vai se modificando, deixando a impressão inquietante que restam poucas folhas e a raiz está cada vez mais seca. Súbito percebo que está chovendo lá fora, sopra um vento forte de vida e então eu mesmo tento afugentar esses fantasmas disfarçados de árvores, rodas e pedras.
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