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Pesquisador da FGV diz que manifestações nas ruas são “a cara da web”

21 Junho 2013 por:
Reality Ininvestment MS/Foto: Divulgação
 
 
 
 
 
 
As manifestações espalhadas pelo país são a representação do mundo digital. Para o pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV), Luiz Antonio Joia, que estuda e-participação (ação política pela rede social) e cidadão mediado por tecnologias, o fenômeno dos protestos brasileiros é algo inédito no país graças à internet e às redes sociais.
 
?Esse movimento é a cara da web. Ele é anárquico, sem dono e impessoal, que se autorregula e suporta qualquer coisa. É a transposição da World Wide Web [o sistema da internet] para o mundo real. É surpreendente e imprevisível?, ponderou ele.
 
O professor defende que a rede mudou a concepção de tempo e de espaço das pessoas e as relações sociais, tornando-se um ator no processo de reivindicações. ?Você passa a saber tudo o que acontece em tempo real, o que faz com que as pessoas se engajem numa velocidade absurda. A tecnologia não gera o fenômeno, ela o amplifica?, comentou. Ele lembrou do movimento Diretas Já, que demorou cerca de um mês para ser organizado, enquanto o movimento atual, com o que chama de ?boca a boca digital?, levou dias para ser orquestrado.
 
A internet permitiu que vários fatores, como o aumento de preço do ônibus, os gastos do país com a Copa das Confederações, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37 (que retira poderes de investigação do Ministério Público) e o Projeto da ?Cura Gay?, contribuíssem para a união de grupos insatisfeitos com questões diferentes e que hoje saem as ruas. ?Os R$ 0,20 foram apenas o que disparou o gatilho, tudo isso mediado pela tecnologia da informação e da comunicação?, explicou.
 
Se, por um lado, a característica anárquica dos movimentos é surpreendente, a falta de liderança e de pauta do movimento criam uma questão complexa, segundo o professor. ?Você pode ter na mesma passeata duas pessoas lutando por coisas totalmente opostas. Diferentemente da Primavera Árabe e de movimentos na Europa, no Brasil não há uma pauta?, lembrou.
 
De acordo com o pesquisador, esse cenário pode apresentar risco para o movimento. ?O perigo da falta de foco é que oportunistas e partidos políticos podem apropriar-se desse movimento. É importante que as pessoas digam o que querem e, sobretudo, como querem, como implantar esse projeto?.
 
Como acadêmico, Joia se diz entusiasmado com os recentes acontecimentos. ?Não dá para prever o que vai acontecer, pode não dar em nada, mas deixará uma semente. São sinais que devemos acompanhar e depois tirar lições que sirvam para nossos alunos e para a sociedade?.
 
 
Agência Brasil

 

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