COLUNAS

Fé e religiosidade

POSTADO EM 31 JAN 2016 por: Hiroshi Uyeda
Por Hiroshi Uyeda
 
 
 
 
Domingo, 27 de janeiro de 1.963, portanto há exatos 52 anos. Em Bela Vista-MT o dia despontou lindo, após mansa chuva à noite. A Igreja Matriz de Santo Afonso, na parte alta da cidade, em frente ao 10° RC, já recebia seus primeiros devotos para as missas. Eram oficializada, uma de manhã e outra à noite, esta simultaneamente com a da Capela do Espírito Santo, em frente à Praça Álvaro Mascarenhas, na parte baixa. 
 
Todos sabiam da importância de freqüentar as missas. Diziam: primeiro o dever, depois o lazer. Quaisquer eventos sociais eram marcados para após as missas. 
 
Padre Geraldo e padre Jorge, Redentoristas, quem as ministravam, auxiliados pelas Irmãs Vicentinas e por leigos, pessoas da comunidade.  Estes, na maioria, tinham participado dos Cursilhos de Cristandade, em Aquidauana. Eram eventos realizados em três dias consecutivos. Os participantes, todos homens, previamente selecionados pelas dioceses regionais, recolhiam-se em total regime de clausulo, nas dependências do bispado. No primeiro dia, à tarde, após receberem as boas vindas e as informações gerais, os participantes, ainda tomados por curiosidade, eram levados aos dormitórios para colocarem seus pertences, se banharem e encaminhados ao refeitório para jantarem.
 
Acomodados ao longo de uma imensa mesa os participantes tinham à frente um prato fundo, uma colher e pães fatiados. Sopa seria a entrada, provavelmente quente e suculenta. O coordenador, um padre da diocese, tomou a palavra para informar a primeira regra: a partir daquele momento e até as 07:00h da manhã seria obrigatório observar absoluto silêncio. Ninguém poderia se comunicar. 
 
A tão aguardada sopa foi servida. Alguns preferiram esperar pelos pratos principais. Não tocaram em nada. Pensaram no arroz tropeiro, na costelinha de porco bem assadinha, na salada com ovos e maionese. Após, sem nenhuma explicação, todos foram orientados a se retirarem para os aposentos. Sem dar um pio. Alguns, os ainda famintos, sussurraram para si: sacanagem, não comi nada!
 
Na madrugada seguinte, em torno das 05:00h, foram despertados com um alarido ensurdecedor provocado por gritos, sob o som de cornetas e de tambores. E não podiam falar. Após higiene matinal se reuniram no refeitório. Serviram-se de frutas da época, pães, manteiga, biscoitos, bolos, leite e café quentes. Desta vez tudo foi consumido. Ninguém ousaria em se expor a novo jejum. 
 
Durante o exílio voluntário ouviram rollos (palestras), depoimentos pessoais, cantaram hinos sacros e reforçaram a fé. Os participantes, todos casados, retornaram às cidades de origem, animadíssimos. Sentiam-se renovados pela fé. Em todas as oportunidades cantavam ou assobiavam a música De Colores, hino oficial dos Cursilhos. 
 
¨De colores se visten los campos em la primavera¨ eram as palavras da primeira estrofe da linda canção. Em espanhol.
 
Tamanha religiosidade era demonstrada em atos, palavras e ações em todas as ocasiões, na vida privada, nas atividades profissionais e na igreja. Era comovente tamanha modificação. Aprenderam a multiplicar o pouco por muito, pois ouviram a receita do amor e da fé. Eventos eram organizados com o objetivo de arrecadarem recursos para serem distribuídos às populações carentes e, também, divulgarem a fé cristã. As confraternizações ocorriam com frequência.
 
Os padres Redentoristas se notabilizaram por acompanharem essa grande revolução na igreja. Mas, não apenas por isso. Eram pessoas simples e tinham satisfação em frequentar as residências dos fieis, nos momentos de aflição ou de alegria. Participavam da vida de cada família. Não se comportavam como santos de pau oco. Eram extremamente humanos. Tinham seus momentos de lazer e os compartilhavam com todos. Frequentemente iam à Praia do Pompílio, no Rio Apa, de bermudas. Apreciavam um bom uísque e não recusavam cervejas. Nas festas da Igreja não se faziam de rogado e dançavam com prazer.
 
Bela Vista e seus habitantes muito devem a esses religiosos. Conquistaram o povo.

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