Por Hiroshi Uyeda

 

 

 

 

 

 

Inicio de um novo ano, repleto de simpatias, mandingas e previsões. Nem a farta mesa do Réveillon, oferendas a Yemanjá, velas de sete dias, moedas nas fontes, sementes de romãs, pulos em sete ondas ou exibir o bumbum para a Lua serão capazes de reverter a esperada débâcle da economia brasileira, remetendo o Brasil a sombrios quadros da recessão. 

 

Outros povos cultivam a arte de prever, fazendo-a paradigma de procedimentos coletivos. Os chineses afirmam ser este ano, o do macaco de fogo, propício para as pessoas ambiciosas, pois progredirão nas carreiras ou nos negócios. Astrólogos afirmam ser o ano bastante favorável aos arianos e sagitarianos por ser o Sol o regente de Leão. Aficionados por cores apóiam-se no amarelo, laranja, vermelho e dourado para afirmarem ser o ano favorável aos apaixonados. Para os numerólogos a predominância do número 9 indica fortes emoções nos campos econômicos.

 

Para os brasileiros, simpatias e mandingas deveriam funcionar. O povo é devoto, reza pelas chuvas e, quando chegam, reza para parar. Há pouco a enchente do Rio Apa preencheu espaços do JN com cenas e relatos elencando Bela Vista no rol das regiões brasileiras já nacionalmente conhecidas por suas habituais tragédias provocadas por intensas chuvas. 

 

Para chegar a ser destacada em rede nacional, a notícia passa por filtros. Desperta nos telespectadores vários impactos, um dos quais, de imediato, o de revolta, pela possível leitura equivocada, atribuindo exclusiva culpa aos poderes públicos. A área ribeirinha ao Rio Apa é propícia a inundações. Sempre ocorreram, com maior ou menor intensidade. 

 

Um simples relâmpago é o suficiente para aumentar premeditadas apreensões dos habitantes. Desde antigamente colocavam-se pedaços de sabão no telhado, rogando à Santa Clara para interceder junto a São Pedro. Não haverá outra solução?