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Congresso confirma mudança no superávit primário de 2014

10 Dezembro 2014 por:
Equipe Reality Ininvestment MS 
Foto: Divulgação 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Congresso Nacional concluiu, no início da noite desta terça-feira (9), a votação do PLN 36/2014, que autoriza o governo a mudar o cálculo da meta de superávit deste ano. A última das quatro emendas destacadas foi rejeitada pelos parlamentares. O projeto segue agora para sanção presidencial.
 
O texto principal do projeto foi aprovado na semana passada depois de quase 19 horas de sessão. Ficou faltando, porém, a votação da emenda 69, adiada, por volta das 5h da manhã de quinta-feira (4), devido à falta de quórum.
 
Apresentada pelo líder da Minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), a emenda tentava limitar as despesas correntes discricionárias (as que o governo pode decidir se realiza ou não) ao que foi executado na mesma categoria no ano anterior.
 
O PLN 36 altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 (Lei 12.919/2013) para, na prática, desobrigar o governo de cumprir qualquer meta de superávit neste ano. O superávit corresponde à economia para pagamento de juros da dívida pública. Com a aprovação do texto, o Palácio do Planalto pode abater todo o investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desonerações tributárias.
 
Deputados e senadores da oposição voltaram a criticar duramente a proposta e voltaram a sugerir que a presidente Dilma Rousseff cometeu crime de responsabilidade ao não cumprir a meta de superávit prevista na LDO 2014.
 
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que o Congresso estava passando pelo ?último ato desta trama ruim para o povo brasileiro?.
 
? A base governista está limpando a cena do crime cometido pela presidente ? afirmou o senador.
 
Deputados como Domingos Sávio, Duarte Nogueira (PSDB-SP), Izalci (PSDB-DF) e Pauderney Avelino (DEM-AM) disseram que a presidente não cumpriu com suas obrigações com o país ao permitir que o governo gastasse mais do que a arrecadação.
 
? O governo gasta mal, está mergulhado na corrupção. O governo está preparando o caminho para aumentar os impostos dos brasileiros ? afirmou Domingos Sávio.
 
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) avaliou que, com a aprovação do PLN 36, todos os prefeitos e governadores do país também ?não vão querer cumprir suas metas?.
 
Defesa da flexibilidade
 
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) defendeu o projeto e lembrou que vários estados governados pelo PSDB, como Minas Gerais e Paraná, não cumpriram suas metas de superávit em anos recentes.
 
- Queremos equilíbrio fiscal sem causar desemprego ? disse.
 
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) defendeu a mudança no superávit como necessária para o Brasil ?garantir a política de emprego?. O deputado Silvio Costa (PSC-PE) apoiou a mudança no superávit na atual conjuntura econômica mundial.
 
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que, ao cumprir um superávit menor, o governo pode dar ?mais atenção ao povo brasileiro ao invés do mercado financeiro?.
 
Chico Alencar (PSOL-RJ) disse que o embate entre governo e oposição era uma ?disputa retórica" e "continuidade da disputa eleitoral?. Ele afirmou que o superávit primário é um parâmetro imposto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para controlar as economias periféricas. O deputado afirmou que o Brasil precisa cumprir o que está previsto nos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988 e promover uma auditoria da dívida externa brasileira.
 
LDO para 2015
 
Após a rejeição da emenda 69, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, comunicou que o PLN 36/2014 estava definitivamente aprovado e que seguirá para sanção presidencial.
 
Logo depois, o líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), tentou apresentar um pedido para que a LDO para 2015 (PLN 3/2014), que ainda tramita na Comissão Mista de Orçamento (CMO), fosse enviada para votação imediata pelo plenário do Congresso.
 
Diante do protesto da oposição, Renan Calheiros decidiu encerrar a sessão conjunta.
 
Sem teto de abatimento
 
Na prática, o PLN 36/2014 retira da LDO deste ano o teto de abatimento da meta de superávit, inicialmente estabelecida em R$ 116,1 bilhões. A regra original previa que o governo poderia abater até R$ 67 bilhões da meta, com base nos investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações tributárias destinadas a estimular setores da produção, principalmente o automobilístico e o de eletrodomésticos.
 
Ao não estabelecer um teto, o projeto abre a possibilidade de o governo abater da meta fiscal até o total do PAC mais as desonerações, montante que já passou de R$ 130 bilhões. Agora, o Executivo pode manejar o superávit e, mesmo que feche as contas com déficit primário, não terá descumprido a meta definida pela LDO em vigor (Lei 12.919/2013).
 
Na semana passada, o governo comunicou que pretende obter superávit primário de pelo menos R$ 10,1 bilhões em 2014. A estimativa consta do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, publicado pelo Ministério do Planejamento a cada dois meses com parâmetros para a execução do Orçamento da União. A última edição foi divulgada em 21 de novembro.
 
Até setembro, o resultado das contas públicas do governo registrou déficit de R$ 20,4 bilhões - o pior resultado mensal desde 1997. No acumulado de janeiro a setembro, o resultado é deficitário em R$ 15,7 bilhões.
 
Meta de resultado
 
O texto que segue para sanção presidencial é o mesmo que foi apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) ao relatar a matéria na CMO. Ele substituiu a expressão ?meta de superávit?, da proposta original, por ?meta de resultado?, uma vez que não se sabe se o governo fechará o ano com déficit ou superávit primário, e rejeitou as 80 emendas apresentadas à proposição.
 
Em seu parecer, Jucá afirma que a meta de resultado primário ?não é imutável ou rígida?. Segundo ele, fixar ou alterar o número ?tem o propósito básico de trazer ao conhecimento e ao debate público as consequências de todo o conjunto de decisões adotadas no campo econômico e fora dele?. O relator diz ainda que ajustar a meta evita também problemas maiores, como o comprometimento dos programas sociais.
 
Jucá ressalta ainda que a alteração da meta fiscal é necessária devido à presente conjuntura global e à arrecadação prevista, que não se configurou.
 
 
 
Agência Senado

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