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Obama pede aos líderes africanos e aos jovens para seguirem exemplo de Mandela

01 Julho 2013 por:
Cristiana Carneiro/Foto: Divulgação
 
 
 
 
 
 
 
 
Em homenagem ao ex-Presidente Nelson Mandela, no segundo dia de visita à África do Sul, o Presidente dos Estados Unidos Barack Obama deixou um veemente apelo aos líderes de África e do resto do mundo para seguirem o exemplo do herói da luta contra o apartheid e não se perpetuarem no poder.
 
?Nós, como líderes, ocupamos estes cargos temporariamente e não devemos pensar que o destino do nosso país depende do tempo que permanecemos no cargo?, disse Obama numa conferência de imprensa que se seguiu ao encontro com o Presidente Jacob Zuma, neste sábado, na capital Pretória. Mandela cumpriu um mandato depois de ser eleito em 1994 e decidiu retirar-se em 1999 para dar lugar a outros líderes.
 
O ex-Presidente sul-africano Frederik W. de Klerk suspendeu uma visita à Europa e regressou à África do Sul por causa da saúde do homem com quem partilhou o Nobel da Paz, noticiou o jornal sul-africano Mail & Guardian. Obama explicou que não visitaria o seu "herói pessoal" no hospital por uma questão de respeito pela paz e conforto do ex-Presidente e pelo desejo expresso da família, com quem Barack e Michelle Obama se encontraram em privado já em Joanesburgo. Graça Machel, mulher de Nelson Mandela, agradeceu o apoio do Presidente norte-americano.
 
Ontem, Winnie Mandela, ex-mulher de líder do ANC, tinha falado em ?melhorias consideráveis?, depois do agravamento da sua situação no fim-de-semana passado, Jacob Zuma disse que o estado clínico de Mandela, internado há três semanas com uma infecção pulmonar, continua ?crítico mas estável? ? e manifestou o desejo de que Mandela possa voltar para casa ?em breve?.
 
Obama falou esta tarde a estudantes da Universidade de Joanesburgo, numa sessão de perguntas de respostas, e transmitiu-lhes a mesma mensagem de usarem a vida de Mandela como uma inspiração: "Pensem nos 27 anos que passou na prisão. Pensem nos sofrimentos, nos conflitos, e na distância dos amigos e da família a que esteve sujeito. Teve momentos sombrios que puseram à prova a sua fé na humanidade, mas nunca baixou os braços", sublinhou o Presidente norte-americano.
 
Obama foi fortemente aplaudido quando anunciou um novo programa que permitirá a 500 "jovens líderes africanos" ir para os EUA anualmente, para se formarem lá.
 
Polícia dispersa manifestantes
Mas nem tudo foram rosas para Obama. No exterior da universidade, havia uma manifestação contra a visita de Obama, como outras que já aconteceram na África do Sul desde a sua chegada, ontem. 
 
A polícia dispersou os manifestantes com granadas de atordoamento. Mas já antes em Pretória, a poucos quarteirões do hospital onde Mandela está internado, cerca de 200 manifestantes protestavam contra a ida de Obama à África do Sul perante o que dizem ser a sua política externa ?arrogante, egoísta e opressiva? e dizendo que ele se tinha revelado uma "desilusão" depois da grande expectativa criada como primeiro Presidente negro eleito nos Estados Unidos.
 
Se Mandela não estivesse doente, a visita de Obama à África do Sul ficaria certamente marcada por um encontro carregado de simbolismo entre o primeiro Presidente negro dos Estados Unidos eo primeiro chefe de Estado negro na África do Sul. Os dois líderes têm uma fotografia juntos quando se encontraram pela primeira vez em 1995, quando Obama era senador.
 
Obama deixa, em vez de uma fotografia que ficaria para a História, uma homenagem a Mandela. Na conferência de imprensa conjunta com Jacob Zuma, o Presidente dos Estados Unidos voltou a dizer que a ?coragem moral? de Mandela era ?uma inspiração pessoal? e um exemplo ?para o mundo?.
 
Obama apelou ainda a reformas políticas no Zimbabwe (onde Robert Mugabe está no poder há 33 anos) para garantir que as próximas eleições sejam livres; e disse que este não seria o ?bom momento? para se deslocar ao Quénia quando há ?questões a serem tratadas?, aludindo ao facto de o recém-eleito Presidente Uhuru Kenyatta ser acusado pelo Tribunal Penal Internacional e aguardar julgamento, no próximo mês, por suposto envolvimento nas violências pós-eleitorais de 2007 no Quénia.
 
 
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